domingo, novembro 07, 2004

Destino: Culpado ou Inocente?


Será o Destino o culpado de todas as coisas que nos acontecem na Vida, sejam elas Boas ou Más?
Ou apenas culpabilizamos o Destino nas alturas em que não temos mais ninguém por perto para culpar?
Na nossa tradição portuguesa, desde cedo que nos levam a Crêr que existe um Ser Superior que nos ajuda na Vida, que ao guiar-mo-nos por Ele, só nos acontecerão coisas boas na Vida. Mas será que Ele controla o Destino...
Afinal no meio disto tudo quem tem culpa do quê?
Sinceramente com o que se tem passado no meu dia-a-dia, não estou muito certo de quem tem a culpa sobre o que tenho visto e sentido.
Amigos que perdem o Pai, maridos que enganam as esposas para mais tarde se arrependerem e voltarem para casa...Encontros e Desencontros...
Será que no meio disto tudo o Destino somos nós próprios que o fazemos inconscientemente? Mas se é assim, porque raio teimamos em culpar um alguém chamado Destino se esse alguém não é nada mais que cada uma das nossas decisões?
Nem sei se faço sentido no que estou a escrever mas afinal a escrita terá algum sentido às 2:15h da manhã?
Conselho para hoje? Não culpabilizem o Destino por tudo o que acontece nas vossas vidas, afinal o Destino não é mais que as vossas decisões tomadas de "cabeça quente ou fria".

segunda-feira, novembro 01, 2004

Hora de Dôr!!!


Nem sequer sei por onde começar...
Foi na 6ªfeira que tudo começou, por às 17:03h. Recebi um telefonema de alguém choroso...Era a Rita...Notei que chorava "baba e ranho", mas nunca me passou pela cabeça que me fosse dizer que o Pai tinha morrido de ataque cardiaco...
A Rita não é nada mais, nada menos que a Ritinha, a dona do Blog The PlayGirl Mansion .
Caiu-me tudo ao chão...Não podia ser verdade!!!
Ainda 2 dias antes tinha estado lá em casa deles, apertei-lhe a mão...
Mas sim, foi a mais pura da verdade...tudo desabou na vida desta minha "irmã".

Voltando ao passado, ainda me lembro do dia em que conheçi o seu irmão, rapaz que na altura era um dos meus maiores amigos no jogo que partilhavamos online.
Conheci-o pessoalmente, conheci a irmã dele, a mãe e o pai...
Já se passaram cerca de 3 ou 4 anos desde esse dia e desde então que devido a nossa tamanha amizade, já chamava de mãe à mãe deles...somos como irmãos sendo eu o mais velho de nós todos...

E agora estava eu ali a chegar á casa onde tantas vezes tinha chegado sem nunca imaginar quão negra e pesada estava no seu interior...A Rita abriu-me a porta...abraçou-me de tal maneira que quase me pareçeu que eu próprio iria sufocar com tamanho abraço. Ele morreu, o meu Pai morreu...porquê?Porquê? Logo agora que estava tudo tão bem...
O que se pode dizer a uma amiga numa hora destas? E a Mãe? Nem sei como ainda se aguentava em pé...
O Jonny não estava, tinha saido pois precisava de "apanhar ar"...Estou com medo por ele... de repente o Pai que tanto amava desapareceu da Terra, tornando-o assim o Homem da casa com apenas 17 anos.
Ele chegou alguns momentos depois e abraçei-o tal qual abraçei um verdadeiro irmão, aliás ele para mim é como se fosse um irmão de sangue.
Todos lhes diziam que tinham de ter força, que a vida continua... mas será que é assim?
Como se pode dizer a uma Mãe para ter força quando a Vida e Deus lhe tiraram um dos filhos??? Como se pode ter força quando nos roubam um Marido??? Como ter força e animo quando perdemos um Pai???
Onde conseguimos arranjar tantas lágrimas para chorar uma dôr assim???
Sinceramente a Vida é uma puta de merda que só nos traz infelicidades destas...Eles não o mereciam, não assim sem um aviso, sem uma despedida, sem um adeus sequer...!!!
Sai de lá de casa para vir jantar a casa e ver os meus filhos, e imaginei montes de coisas...Como é que pudemos vir a morrer sem nos podermos despedir dos nossos próprios Filhos?
Não aguentei estar em casa e voltei para casa deles... não para chorar a morte de um amigo mas para tentar dar algum animo ao Jonny, à Rita e à Mãe.
Sai de lá de casa por volta da 1 da manhã, infelizmente no dia a seguir tinha de trabalhar.
Fui ao velório quando sai do trabalho. Só consegui ficar lá uns 15 min...
Hoje de manhã foi o funeral, cheguei ao cemitério do Alto de S.João e vi 6 marinheiros prontos para se despedirem de um camarada de armas. Chegou a carrinha, e a familia. A Mãe, a Rita e o Jonny...
A Rita recebeu com a dôr de ter perdido o Pai a Salva que a Marinha deu ao despedir-se com os tiros para o Ar.
Juntámo-nos à carrinha para levar o Pai á sua última morada... o Crematório.
Não consigo aqui expressar o tamanho da dôr de cada um dos presentes, fossem Pais do falecido, Irmãos, Tios, Esposa, Filhos, Amigos...Um sei lá de pessoas que vieram de toda parte para se despedir de do Pai da Rita e do Jonny.
Foi horrivel...simplesmente doloroso para todos os presentes...
No meio de gritos, choros, rezas e outros sentimentos que apareçem numa hora destas, pensei só neles 3...O que iria ser agora da vida deles?
A esta pergunta não tenho resposta e só Deus a poderá ter, isto se Ele se importar minimamente com eles.
Eu importo-me!!E o que estiver ao meu alcançe para ajudar, eles sabem que podem contar comigo.
Pois numa hora destas só se pode mesmo contar com a força daqueles que são verdadeiramente nossos amigos.

Força Mãe, Força Rita, Força Jonny...